"... o tempo que passou, não volta não"
"Há muito, muito tempo, eras tu uma criança..." assim é o primeiro verso da canção do grande José Cid, dito a propósito no dia de hoje.
Passaram 49 anos de uma vida da qual certamente já não desfrutarei em igual número, ainda que não perca o meu tempo a pensar neste dogma, antes a noção absoluta de que o tempo passa rápido, demasiadamente rápido.
Já fui criança, adolescente, solteira, sem filhos, fases arrumadas lá atrás como se pertencessem a outra vida. Agora, aliás, há mais de 20 anos, a ser mãe e esposa, estados que me deixam na raia da plenitude, do empoderamento e da felicidade. Felicidade, sim, a mais pura, a essência que me preenche (apesar de dissabores, arrelias e preocupações que mancham o dia-a-dia dos comuns mortais) e que mora aqui, do lado esquerdo do meu peito, personificada pelo tanto que tenho. E que agradeço, diga-se.
Não sou de grandes planos de futuro; vivo o presente com consciência do subaproveitamento que lhe é dado pelas mais variadas circunstâncias. É a vida...
Sem ressentimentos: palavras e ações que não deveria ter dito e feito, outras que não fiz, porque não me apeteceu, porque não se proporcionou, porque a imaturidade ou o feitio assim o determinaram. Temos pena, (para não dizer pouca). É lidar e seguir, que o caminho está traçado e por mais voltas e atalhos que percorramos, o que tiver de ser, será.
Ser forte, mesmo sem sê-lo sempre, nem perfeita, qualidade de pouco uso. Realista, consciente, cética ao fanatismo, seja ele qual for, intolerante à ignorância e à imbecilidade (uma vez que podem ser evitadas), plena em intuição da hipocrisia e más-índoles. Conservadora dos bons costumes, prática, mas cada vez mais sem filtro. Não sou mais nem menos, arriscaria a dizer melhor, a gostar mais de mim e de outros. A apreciar cada vez mais momentos, instantes, silêncios e uma pontual solidão, imprescindível à reflexão.
Já com oscilações de termóstato, idas vãs ao frigorífico e à despensa, seguidas da pergunta retórica " o que é que eu vinha aqui fazer?"; uma dorzita ou outra mais persistente, vai-se levando a vida até que possa ser.
São 40 mais 9 de uma vida que se espera longa, se a genética não falhar. Entretanto, neste ápice que é a nossa passagem, espero continuar a fazer o melhor que me for possível, que a mais não sou obrigada.
E nesta súmula de personalidade, termino como comecei - com as sábias palavras do tio Cid - "vem viver a vida, amor, que o tempo que passou não volta não..."
Parabéns para mim e para todos aqueles que tiveram a sorte de nascer neste dia! 😉
Fiquem todos bem.
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