16 de fevereiro - o fim
Treze anos separam o 16 de fevereiro de 2010 do 16 de fevereiro de 2023 - ambos fatídicos; o dia em que os meus filhos ficaram sem os avós, primeiro o pai da mãe e hoje o pai do pai.
Se a ferida aberta que nos fica cravada vai cicatrizando com o tempo, hoje alastrou de novo provando-nos que a efemeridade está sempre à espreita e que num ápice nos vira do avesso.
Hoje tenho três rapazes tristes em casa. Hoje já lhes vi as lágrimas a escorrerem pela cara. Hoje estão cercados pela desolação e ainda pela incredulidade. Hoje, em jeito de flasback, recordam bons momentos e assumem, cada um para si, que poderia ter sido mais. Hoje sentiram verdadeiramente na pele a dor do perder, ainda que não lhes tenha sido indiferente a anterior. Hoje, porque é 16 de fevereiro, sentem a dobrar porque quis o destino, ou seja lá o que for, reavivar-lhes a memória de que não estamos cá para sempre.
Que a genética lhes conceda as qualidades de ambos os avós; que lhes corram nas veias, que lhes toldem a alma. Que depois de misturados os baralhos lhes saiam sempre cartas altas, ases de verticalidade, de humildade, de saber ser e estar, de respeito, de humanidade e de distinção.
Aos 16 dias do mês de fevereiro de anos diferentes os meus filhos ficaram órfãos de avós paternos. A partir de hoje cabes-lhes eternizá-los à sua maneira, seja com lágrimas, sorrisos ou até com cantigas.
A 16 de fevereiro o seu percurso entre nós chegou ao fim. Deixam-nos saudade e orgulho.
É provável que neste momento já estejam juntos, a fumar um cigarro ou a assobiar.
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