Gratidão

 A chegar ao fim mais uma experiência das muitas que terei pela frente. São desafios permanentes, um pôr à prova constante e diário.

Trabalhar foi coisa que nunca me meteu as costas para dentro, o ir à luta também não. Levantar cedo, muito cedo, partir para regressar. Entre dias mais fáceis e outros nem por isso, corre-se por gosto e, por isso, não se cansa. Sim, de coração cheio com todos os que me fizeram rir, sorrir, emocionar, zangar (também), com a vontade e sede de aprender, a minha e a deles. A entrega e o companheirismo de quem não me pediu nada em troca, as horas de colaborativo espontâneo, a permuta saudável de experiências e saberes. às vezes só o desabafo, balão de soro que bastava para aguentar o momento e seguir em frente.

A todos quantos me fizeram crescer, aprender mais, ver outras realidades, dificuldades, alternativas, caminhos, percursos e vidas. Não conseguirei lembrar-me de todos por toda a minha vida, mas espero que alguns me guardem como a eles guardarei. "Quando eu for médica e a professora já for velhinha e já não se lembrar de mim, eu vou dizer-lhe isto"; "Eu não gosto nada de Português, mas gosto de si"... Não se esquece.

Vou ter saudades da senhora do bar que sabia de cor o número de todos os cartões, que, sozinha,  trabalhava por cinco e nos dizia discretamente "quando puder..." e já sabíamos que o saldo do cartão estava a zero, sempre de sorriso nos lábios e uma paciência de santa. Dos outros que ajudavam a pôr na ordem a agitação dos corredores e desinfetavam freneticamente tudo em menos de nada. De todos.

Ao nosso Zezinho, como carinhosamente o tratávamos e aos outros Zés que precisavam de nós como de pão para a boca. Um dia hei-de ouvir-te falar, Zé". E o Zé sorriu".

Até um dia.



#vidadeprofessora

#AEGP





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