Há tanto polvo por aí...




Este excerto está integrado nas repreensões particulares aos peixes, neste caso, ao polvo, no "Sermão de Santo António aos peixes", da autoria de um padre jesuíta, António Vieira de seu nome. Esta sublime alegoria foi escrita no séc. XVII, no entanto, qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência.

É por esta razão que sempre digo aos meus alunos, que antes de nós, e apesar de "antigos", houve quem tivesse uma visão extraordinária do país e do mundo. Talvez por isso, esta mensagem, estes relatos reais nos tenham chegado até hoje, quiçá, para que não replicássemos os mesmos erros. Acrescento também, que a literatura não se estuda por acaso, e que o seu maior virtuosismo está em permitir uma analogia com os tempos atuais. Assim é.

No caso específico deste "Sermão", diz-nos Vieira que os "peixes" não são todos iguais; também os há bons. Contudo, tendo em conta os maléficos deste mar, esta herança literária e a análise social de outros tempos, prova-nos que os "vícios" de há três séculos se mantêm.
Ai padre, padre, que visionário foste! Talvez por isso te quiseram, tantas vezes, calar.
Que as malhas das redes sejam bem apertadas, para que os "peixes aleivosos e vis" de hoje não possam escapar.

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Onde mais se meteu o nariz