"Não quero ler!"

Não queria ler o livro que lhe comprara há semanas e que havia colocado em cima da mesa de cabeceira. Lá permaneceu, imóvel. Relembrava-o quase todos os dias que tinha de ler e fazer a ficha de leitura, pedida pelo professor de Português.

Coincidentemente, fez hoje avaliação de leitura e confessou, com algum desapontamento, que ficara ligeiramente aquém do número expectável de palavras num minuto.
Sentei-me à lareira a folhear o livro e ele voltou a dizer que não queria ler. Comecei eu. Ele, cético, fingia que não ligava. Entretanto, começou a perguntar o que eram begónias, muguet, buxo e gladíolos. - São flores - disse-lhe com alguma indiferença e continuei a ler. Passados alguns minutos, perguntou-me se podia ser ele a ler para mim. E assim o fez, até à última página.

Não vale a pena impor. Ou fazemos por ver fazer (e gostamos), ou o que deveria ser um prazer, torna-se um suplício. Agora é seguir, sem forçar, descontraidamente. O que ele não sabe é que já perdeu inúmeras viagens maravilhosas sem sair do lugar. Até o rapaz de bronze lhe provou isto.





Comentários

Onde mais se meteu o nariz