Professores & Alunos

Professores e alunos. Têm em comum a mesma classe, caso a análise seja meramente morfológica. Mas é muito mais do que isso! Os conceitos complementam-se no abstrato e na vida real, são indissociáveis na sua origem, na sua relação. O estatuto depende um do outro, é-lhe intrínseco e daí a importâcia de ambos.

Por esta altura encerra-se mais um ciclo de vidas cruzadas, encadeadas ou soltas, tal como as rimas. É momento de despedida, a qual soa sempre a fim, a pedra em cima do assunto.
Por estes dias, a sensação tem sido esta, mais ou menos sentida, mas esta.
Embora com caminhos diferentes, alguns vão deixar-se ver, outros farão por isso mas outros haverá a quem perderemos o rasto por completo.
A alguns nada mais lhes sai senão um breve "até um dia" ou a promessa de que "qualquer dia venho cá fazer uma visita", quando a verdadeira vontade era a de fazer uma despedida memorável. Nada lhes/nos ocorre porque o momento é estranho. Mas a vida é mesmo assim e há que encarar a situação como uma inevitabilidade.

Foram anos de convívio, alguns "ódios de estimação" que entretanto se metamorfosearam e geraram relações opostas ao seu início, porque os olhos com que vemos os outros [re]formulam ou determinam a nossa opinião. Houve empatias que se consolidaram e, por essa razão, pessoas que jamais esqueceremos. Uns deixarão muito, outros nem por isso, e sobre nós - os professores - o mesmo. A alguns será concedido o troféu de melhor professor/a, aquele que de alguma forma tocou aquele aluno/a; mexeu no seu mundo, que deu a mão quando mais precisava, por vezes até num gesto involuntário, mas naquele momento, essencial. Às vezes nem sabemos o quanto ajudamos ou magoamos alguém. Há dias difíceis, para todos, porque o pessoal é feito de corpo e alma. Umas vezes a tirada é a talho de foice; outras passa-nos ao lado, como em qualquer processo bilateral.

Nesta megalómana missão que é ser professor, não são apenas os ensinamentos teóricos que contam. Não. Há dificuldades, há mundos estranhos, há particularidades a serem geridas, outras que urgem ser desbravadas. Há a quem o simples cumprimento passe ao lado; há a quem não interesse o passado, essencial ao presente; há a quem nada interesse. É então aqui que começa a nossa intervenção, mostrando que há muitos mundos para além do nosso, que a terra não se confina ao alcance dos nossos olhos, que há o outro, que embora diferente, merece ser respeitado.
Ensinar é de facto o mote, sim, mas com experiências, com demonstrações, com ilustrações que provem que aquilo que lhes estamos a transmitir, compõe a biodiversidade, porque uns são assim e outros assado. Levá-los a pensar, a questionar, a argumentar com cabeça, tronco e membros.
Nunca a educação fez tanto sentido, nesta época de desnorte; há esplendor na tecnologia, mas vazio na alma. Tanto!

Esta espécie de instrospeção sobre a minha missão leva-me a questionar: Será que faço bem, faço mal? Privilegio mais o ser do que o saber, mais o estar que o ter? Talvez... Porque eu formo e educo pessoas, antes de mais.
No dia em que a minha função for contrária a isto, deixarei de ir a jogo.

E sim, as despedidas nunca são felizes.



















Comentários

  1. Eu acho que está muito bonito, obrigado por os 3 anos e por uma vida de amizade que ainda há em frente professora, se de mim depender tem aqui um amigo para o que precisar abraço e saudades beijinho

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    1. Meu querido, André. Obrigada e muitas felicidades! Beijinho

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