As mães e os adágios populares



Esta foto tem quase três anos.
Aqui estão uma criança e um adolescente ainda muito imberbe. Entretanto, a criança foi promovida a adolescente, apanhando assim aquele que já tem estatuto de mor.
Sei que vão de imediato pensar, tão bonitos! (ou giros, vá) e eu telepaticamente direi -  "quem meus filhos beija, minha boca adoça"! ;)

Em tão pouco tempo, muita coisa mudou. Eles mudaram e levaram-me por arrasto. Não que tenha perdido o controlo, era só o que faltava, mas de facto as mães também mudam. A bem da verdade, adaptam-se às fases, aos momentos e às circunstâncias. E ai de nós se assim não for.


"Quem tem filhos, tem cadilhos" é talvez das expressões que mais se adequa às mães. Efetivamente os adágios populares não falham. E foram decerto inventados por quem, de tanto experienciar determinadas situações os criou, caindo depois no vulgo.

Vivemos cada etapa destes seres saídos de nós, com uma adrenalina imensa. Começamos nos percentis, depois nos dentes, os primeiros passos,... sempre numa luta desenfreada pela valorização dos nossos petizes. 
Há dias ouvia um rasgado elogio de uma mãe sobre o seu pequeno "o meu quando nasceu estava no percentil cento e tal!" Elá... pensei cá para mim. Ou o menino sofria de obsesidade mórbida ou com tanta empolgação, a sua mãezinha ter-se-á esquecido de travar no 95, que segundo me parece, é o máximo...
Depois vem a fase da pré e as mães num contínuum elogioso às capacidades dos seus meninos, lá exteriorizam certas verdades de La Palisse "Olha, o meu com 40 meses já lê!". Nunca gozei desta "alegria" resignando-me apenas ao o meu só brinca.

E assim vamos passando pelas ditas fases, umas mais empolgadas que outras, até chegar à porra da adolescência! Aqui "é que a porca torce o rabo"! 
Estão expostos a tudo: perigos vários, consumos de tudo e mais alguma coisa, interesses que se sobrepõem, em larguíssima escala, à escola. Mas tu tentas andar a par. Tentas decorar os horários, o calendário dos testes, os dias de entrega de trabalhos. Tentas verificar se fizeram os tpc, se há recados na caderneta, se o equipamento de educação física está todo na mochila, se os ténis ainda estão capazes, pois à 4ª ou 5ª vez de uso, e hermeticamente dentro do saco, é bastante normal que possas cair para o lado. Avisas e tentas prevenir, afastar, dissuadir de todos os bichos-papões, porque esta é uma das valências dentro das mil setecentas e vinte e oito que compõem a maternidade. Ficas descansada porque o fizeste, mas também sabes que eles não são dominados por controlo remoto, tal como tu também não foste na tua adolescência. Proibir, não me parece! Porque o "fruto proibido é o mais apetecido". Mostrar a causa-efeito, ainda creio ser a atitude mais sensata.

Para além de tudo, ainda tentas estar sempre lá: apoiar, explicar, precaver, isto num tom de voz baixo e sempre afável (até parece!), ter tudo pronto a tempo e a horas; basicamente, almofadar-lhes o caminho... Tentas, mas não consegues. E aqui temos duas soluções: assumir a ficção, ou seja, brincar às mães-perfeitas ou então admitir fragilidades, enquanto seres-humanos errantes que somos. Nós falhamos! Isto para as mais céticas. Não conseguimos controlar tudo, nem ensinar tudo, nem fazer deles os melhores em tudo. E assim, "grão a grão" vamos baixando a crista.
Não há mesmo receitas e como tal há falhas, ainda que antes de sermos mães, pensemos que podemos estar a salvo de tudo e de que os males só acontecem aos outros. E lá vem o "nunca digas nunca" a fim de evitar o choque, caso alguma coisa possa não correr bem.
Entretanto, e só para terminar que já são horas, fica o "não faças aos outros, o que não queres que te façam a ti" e que se adequa tanto a mães/pais, como a filhos. Para uns serve de ensinamento, "a semente da língua é a melhor coisa de se pagar" e para outros de revanche porque afinal de contas, "todos temos telhados de vidro". É assim ou não é? Contas feitas, ninguém é perfeito.






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