A tua cara não me é estranha


Cada vez que encontro uma pessoa "das minhas idades" (como diz a minha avó!) e que não via há muito tempo penso, Ai que estragada/o! Como é que é possível?! E num verdadeiro exercício de rewind que é ainda assim, uma forma de atrasar a chegada da palavra começada em  Al... e terminada em ...zheimer, lá puxo pelos neurónios para ver se associo as pessoas a um sítio, a um acontecimento...
Depois chego à conclusão de que andaram comigo no secundário, na universidade... e digo para os meus botões: A fulana tal há 30 quilos atrás, perdão, anos; Ai meu Deus, tem cara para ser meu pai! ou ainda, Minha Nossa, como é que é possível as pessoas envelhecerem tanto?! Tudo isto num ímpeto de inconsciência, assentando depois os pés na terra. Para tal,  basta ver também o ar de espanto quando me olham, como quem diz, Esta deve estar a completar 50 anos, praí... ou Nem parece a mesma!
Pois é bebé, eles - os anos - não perdoam! E verdade seja dita, bom sinal! Mas também não é preciso as pessoas se deformarem tanto, caramba!

Depois também há aquele fenómeno espantoso que é passar por alguém que sabemos que conhecemos, mas já não sabemos se de vista, se de cumprimentar e fica-se ali num impasse ou acabamos por desviar o olhar e siga para diante.

Outra coisa é pensarmos que conhecemos a pessoa de algum lado, sem nunca chegarmos a qualquer conclusão. E outra - para mim a pior de todas - é alguém fazer-te uma "grande festa" quando te reencontra, com um mega sorriso ou um certo esbracejar e tu, népia. Mas de onde é que eu conheço esta ou este? E vês pela conversa da pessoa que a coisa até bate certo, mas tu não chegas lá e limitas-te a responder em singelos monossílabos e a tentar pirar-te dali, o mais rápido possível. Ou então faz-se luz e lá contas em tempo recorde a tua vida (o mais relevante, vá). À falta de conversa também é muito comum o Então e está tudo bem, né? pronunciado uns bons pares de vezes; uma situação também muito agradável (não haja dúvida) embora eu até seja rapariga a quem normalmente não falta assunto (tem dias...)

Há tempos revi uma amiga de infância que não via há seguramente 25 anos. A sorte é que a cara está quase igual, ruguita aqui e acolá, mas reconheci-a de imediato, assim como à rapariga que a acompanhava mas que não sabia de todo localizar geograficamente onde é que as nossas vidas, em tempos, se haviam cruzado. Ainda tentei, mesmo de uma forma direta: escolas, cidades, e ali ficámos por instantes naquela coisa sem jeito de nada, tipo (como dizem os meus filhos) a encher chouriços, estão a ver?

Como nós mudamos fisicamente! Umas vezes para melhor, outras para pior, mas certo, certinho é que para novo ninguém vai.
E certo também é que cada vez mais vou utilizando aquelas máximas maternalistas que me irritavam pro-fun-da-men-te. Identificam-nas com facilidade, correto? Será da idade?! Calhando é!

Serei só eu a pensar assim, ou a meia-dúzia daqueles que me leem, também?



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