Filhos - ter ou não ter?




Ter! Ponto final parágrafo.

Desde muito pequena que começou a aflorar em mim, o instinto maternal. Como quase todas as miúdas, gostava de brincar com bonecas, dar-lhes o biberão, penteá-las e lavar-lhes a cara! Assim me entretinha neste cuidar e,  por vezes, punha uma almofada na barriga a simular que já vinha outro a caminho! 😄
Durante alguns anos carreguei até um certo desgosto, por nunca ter tido um bebé-careca, aqueles protótipos em tamanho real, com a cabeça e membros de borracha e o rosto ainda de tecido. Eram tão fofos! Os bebés-meninas usavam uma palmeirinha de cabelo com um laço rosa e brincos, umas encantadoras bolinhas douradas, facto que me deixava deslumbrada e que me levava a imaginar vir a ser mãe de uma menina, que se chamaria ou Diana ou Patrícia. As crianças têm uma imaginação tão fértil e gostos tão sui generis... taditas!
Mais tarde, com a chegada de primos comecei a pôr em prática aquilo que havia treinado durante longos períodos (praticamente uma licenciatura com mestrado integrado, em puericultura!) para depois me afastar da vontade destas questões maternais; queria mais, era passear e gozar a vida, sem filhos, como é obvio.

Fui mãe aos 27, repetindo-se o ritual de três em três anos. Na altura achava-me com a idade ideal e hoje penso precisamente o mesmo. Voltar a ser mãe não está nos meus planos mas, se acontecesse, seria encarado como uma dádiva, uma bênção, à semelhança do que aconteceu com os filhos que já tenho.
Não obstante, ser-se mãe aos vinte e tal ou aos trinta e poucos não é o mesmo que ser aos quarenta+. Temos mais paciência é certo, já não estamos no vigor da idade - isto o que tem de bom, tem também de contrário. Levantam-se receios, dúvidas e medos que anteriormente não se sentiam. A maturidade traz-nos este volte-face; se antes não temiamos nada, agora as coisas já mudam de figura: é a idade da mãe, é o bebé que pode vir a ter este ou aquele problema, são as possíveis complicações no parto... Não nos assusta o cuidar, as noites sem dormir; somos maduras, não somos velhas!

Pessoalmente, apavora-me  uma grande diferença de idades entre os pais e o bebé, entre os próprios irmãos. Pensar que aos 53 poderia ser mãe de um pré-adolescente de 10 anos dar-me-ia muito que pensar. É um fosso enorme... E depois vem o medo de falhar, o receio de não ter pedalada para aguentar as ganas de viver que os miúdos têm nesta fase, isto, para além de gerações separadas quase por anos luz, com muitas novidades à mistura que os pais deixam de conseguir acompanhar, porque já não conseguem, ou simplesmente, porque já não têm vontade, nem estão para aí virados. Querem mesmo é sopas e descanso e não, estar à porta de uma discoteca às 4 e meia da manhã à espera do filho e de dois ou três amigos já ligeiramente (ou muito) alcoolizados. Sim, não vale a pena enfiar a cabeça na areia... Daí que julgue, sinceramente, de que há um tempo para tudo.

Agora a outra face da moeda - aquelas que pura e simplesmente não querem ser mães! Ou porque não o desejam, ou a profissão é demasiado exigente e se sobrepõe a uma réstia de vontade,  ou mesmo porque a vida não se proporcionou a isso. Estas têm exatamente o mesmo direito das que já o são ou pensam ainda vir a ser, apesar da idade já entradota; mesmo que alguém lhes diga que a sua fertilidade está a declinar ou que têm ene riscos de a gravidez não correr bem.
Depois há também, as que não podem ser. Ainda assim, muitas submetem-se a tratamentos de fertilidade desgastantes e caros. Por mais que queiram e que tentem sucessivas vezes, acabam por perder a esperança que durante anos as sustentou, num processo duplamente doloroso. Não sei o que é, felizmente, mas lamento as suas perdas e desencantos. A estas, uma grande homenagem!
Admiro a coragem e sobretudo, respeito a vontade ou a amargura de cada uma destas mulheres. Cada uma sabe o que lhe vai na alma, as razões, os (des)gostos.

Para as que ainda não são mães, eu recomendo! E recomendo a repetir, tantas quantas as vezes o queiram, ou vos seja possível. Acreditem que não se irão arrepender. É extraordinário!


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