"Não falar alto"
Quando chegou disse-me que tinha trabalho de casa. Sentou-se à mesa e passados cinco minutos já tinha terminado, o que obviamente me deixou admirada.
Pedi-lhe que me mostrasse o que tinha feito: uma página com a mesma frase - "Não falar alto".
- Este era o trabalho de casa?!
- Sim, mas já tinha escrito 36 vezes, por isso, foi rápido!
Viro a página e vejo mais uma página de réplicas.
- Quer dizer que te portaste mal...
- Eu e todos! Até a melhor aluna teve de escrever o mesmo.
Confesso que já há muito que não via este "exercício". Não discordo. Porquê?
Porque aquelas frases estavam escritas numa exímia grafia, o que habitualmente não acontece. Prova quicá, da seriedade da tarefa ou talvez da tentativa de remissão. Não quero e não gosto que pisem o risco, mas por vezes acontece. Hoje aconteceu e aprendeu a lição. Deixa-me mais tranquila, saber que não o faz com intenção ou por maldade.
Para além disto, sei muito bem o que é ser levado à exaustão pelo barulho, conversa ou sussurros de vinte e tal alminhas à minha frente. De sobrepor ou tentar sobrepor a minha voz ao somatório de tons graves, agudos e por vezes estridentes, do cansaço que se vai acumulando, horas após horas. Bem sei. A diferença é que não mando escrever a mesma frase porque já têm (ou deveriam ter) entendimento suficiente para chegarem lá pela palavra. Só que não. Ouvem, mas não lhes interessa e a idade também apela a isto.
Hoje, fazem-me ainda mais sentido as palavras de António Vieira "ou o sal não salga ou terra não se deixa salgar". Eu opto pela segunda.
Pedi-lhe que me mostrasse o que tinha feito: uma página com a mesma frase - "Não falar alto".
- Este era o trabalho de casa?!
- Sim, mas já tinha escrito 36 vezes, por isso, foi rápido!
Viro a página e vejo mais uma página de réplicas.
- Quer dizer que te portaste mal...
- Eu e todos! Até a melhor aluna teve de escrever o mesmo.
Confesso que já há muito que não via este "exercício". Não discordo. Porquê?
Porque aquelas frases estavam escritas numa exímia grafia, o que habitualmente não acontece. Prova quicá, da seriedade da tarefa ou talvez da tentativa de remissão. Não quero e não gosto que pisem o risco, mas por vezes acontece. Hoje aconteceu e aprendeu a lição. Deixa-me mais tranquila, saber que não o faz com intenção ou por maldade.
Para além disto, sei muito bem o que é ser levado à exaustão pelo barulho, conversa ou sussurros de vinte e tal alminhas à minha frente. De sobrepor ou tentar sobrepor a minha voz ao somatório de tons graves, agudos e por vezes estridentes, do cansaço que se vai acumulando, horas após horas. Bem sei. A diferença é que não mando escrever a mesma frase porque já têm (ou deveriam ter) entendimento suficiente para chegarem lá pela palavra. Só que não. Ouvem, mas não lhes interessa e a idade também apela a isto.
Hoje, fazem-me ainda mais sentido as palavras de António Vieira "ou o sal não salga ou terra não se deixa salgar". Eu opto pela segunda.
Assumir os "erros", mesmo os dos nossos filhos é para além de coragem, uma grande virtude.
ResponderEliminar"Muda-se de púlpito e de auditório, mas não se desiste da doutrina" ... Bonito de se dizer...
ResponderEliminarIsso mesmo! "Já que não me querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes" mas sempre com a mesma doutrina! Obrigada :)
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