Crianças alerta

As crianças são indefesas. A sua inocência leva-as por vezes a ter determinadas atitudes, cuja idade não lhes permite fazer a destrinça entre o correto e o incorreto.
Por norma, pensamos sempre que o mal só acontece aos outros, mas num mundo cada vez mais maquiavélico, já tudo pode acontecer e há que estar atento.

Há dias, o Miguel aproveitou a minha ausência e foi fazer uma experiência daquelas supostamente inofensivas, que muitos youtubers mostram nos seus vídeos. Umas vezes faz pega-monstros, outras, neve e mais não sei quê. Como estava com o mano mais velho, achou que poderia fazer algo mais arrojado e assim foi buscar fósforos (às escondidas). Ainda que não estivessem ao seu alcance, encontrou-os e começou a aquecer uma garrafa de plástico para encher uma luva. Qualquer coisa que não cheguei a perceber o propósito pois cheguei entretanto, o que o apanhou de surpresa! Efetivamente devia ter-se assustado com o que estava a fazer, mas não. Assustou-se com a minha chegada pois sabe muito bem que não se deve mexer em fósforos, isqueiros, etc.
É essencial informar as crianças sobre os perigos domésticos e mostrar-lhes as consequências que daí possam advir. E neste caso, o Miguel sabia. Não obstante, por mais que lhes chamemos a atenção, a curiosidade acaba por vezes, por falar mais alto.

Creio que a melhor solução é pô-los à prova, ou seja, levá-los a pensar em determinadas situações e na forma como as poderiam evitar ou superar. Quando eram mais pequenos fazíamos sempre isto antes de irmos para a praia:
- Se se perderem do pai ou da mãe, com quem é que vão ter? E já sabiam a resposta de cor:
- Com o salvador! (como chamavam ao nadador-salvador).
- E se for no hipermercado ou num centro comercial?
- Com o segurança ou um polícia.
Sabem, mas depois esquecem-se. As duas vezes que me "desapareceram" nem se lembraram de tal porque viram algo que lhes chamou a atenção e foram até lá. Final feliz, ufa...

O mal pode estar em toda a parte, por isso, o mínimo que podemos fazer é alertar.
O "jogo" das perguntas funciona como isso mesmo, um jogo, daí que não levante medos, nem receios. As questões podem ser úteis em qualquer idade:

1. Se estivesses sozinho em casa, abririas a porta a quem?

2. Se um estranho te chamasse para te pedir uma informação, o que farias?

3. Se um estranho te agarrasse à força, o que farias?

4. Se um amigo/amiga te convidasse para ir à sua casa, ias sem avisar o pai/mãe?

5. Se fosses ameaçado por alguém pela internet (cyberbullying) contavas a quem?

6. Se um desconhecido se aproximasse de ti dizendo que é amigo do pai/mãe, o que farias?

7. Se um adulto te mexesse em partes íntimas do teu corpo e/ou mostrasse propositadamente as dele, contarias a quem?

8. Se assistisses a uma situação grave (acidente, queda, incêndio,..) sem ninguém mais velho por perto, que número ligavas?

9. Se um amigo que sabes que está alcoolizado, te oferecesse boleia, aceitarias?

10. Se te sentisses perseguido durante o percurso que estás a fazer a pé, o que farias?

E poderiam ser muitas mais, as perguntas...
Já me aconteceu fazê-las e eles por inocência ou porque ficam atrapalhados, não sabem responder.
Ainda assim e lembrando que se trata de um "jogo", podemos dar algumas sugestões de resposta, ainda que a opinião dos "jogadores" seja deveras importante.

Apesar de tudo, não há procedimentos infalíveis. Nem estes, nem outros. Tudo depende da situação e da criança/adolescente. Mais vale (tentar) prevenir, que remediar.







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Respostas
1. Se por alguma razão estiveres sozinho, não abres a porta a NINGUÉM. Quem tem chave entrará.
2. Não responder a perguntas e CORRER. Os adultos pedem informações a adultos.
3. Pedir SOCORRO (gritar)
4. NUNCA ir para a casa de ninguém, sem avisar os pais.
5. CONTAR aos PAIS sem receio, sem vergonha.  Quem está do outro lado é que tem medo que o faças porque sabe que não está a agir corretamente.
6. Dizer que não conheces. AFASTA-TE de imediato.
7. DIZER aos PAIS, sempre e assim que ocorra a 1ª vez.
8. 112
9. NUNCA. Ligar aos PAIS para ir buscar, seja a que horas for (eles preferem assim). Ou regressar de TÁXI (com conhecimento dos pais)
10. ACELERAR o passo. Procurar uma zona com pessoas e/ou iluminada. CORRER e procurar ajuda.





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