Ai Anita...

Já lá vai o tempo em que até a  literatura para crianças primava pelas tarefas domésticas desenvolvidas exclusivamente por mulheres ou até precocemente, pelas meninas.
Refiro-me por exemplo, aos livros da "Anita" que adorava! E ainda os aprecio. Resistiram apenas dois, já muito velhinhos, que ainda têm lugar na estante.


Os tempos mudaram. Muito! Antes víamos as mulheres confinadas às tarefas domésticas, à criação dos filhos. O espaço da cozinha era o seu reino! Eram educadas para servir a tudo e a todos, menos a si próprias. Hoje, muitas desempenham até, cargos de grande responsabilidade embora pagos em défice, comparativamente aos homens em função homóloga.

Apesar de, socialmente, o estatuto da Mulher ter sofrido alterações consideráveis, ainda continua a existir algum desfasamento entre género. É bastante comum verem-se mulheres que trabalham fora de casa 7, 8, 9 horas diárias e que (como se não bastasse) ainda são "presenteadas" com o trabalho doméstico em exclusivo (antes fosse um modelito Channel!)

Quanto a isto, posso levantar o dedo. E levaria um exército atrás. Sou de uma geração à qual ainda foi incutido que as tarefas domésticas são para as mulheres. Mas claro que não me sinto escrava pois também só faço o que quero, quando quero e tem de ser feito.



É neste aspeto que entra também a minha missão de mãe. Faço ver aos meus filhos que se participarem ativamente nas tarefas domésticas, tudo fica mais fácil para todos.  Muitas vezes fazem orelhas moucas, mas insisto sempre. Friso-lhes que a sua virilidade jamais será posta em causa por lavarem a loiça, aspirarem o chão ou até mesmo passarem a ferro! Que cá em casa somos cinco a sujar e, normalmente, uma a limpar! E nestes momentos questiono-os sobre a justiça desta situação. Reconhecerem que não é justo já é positivo. Mas tenho ainda muito trabalho pela frente, pois não são voluntariamente colaborantes, digamos. Caso para dizer que aqui se começa pela sugestão e normalmente termina na ordem! Depois disto, funciona e a missão é cumprida! Aos poucos vão-se habituando (creio) e já há tarefas que assumem como  um dever, que quando não cumprido lhes transtorna um pouco a rotina - ter a roupa arrumada nos devidos sítios, por exemplo. Sabem que é uma tarefa semanal que têm de fazer (ainda que a mãe, de vez em quando, tenha de passar vistoria às gavetas para as pôr em ordem...)


Hoje fui ao supermercado com o mais novo. Foi ele quem escolheu os frescos. A partir daí teve de ser travado pois já havia mais ovos de páscoa e bolachas oreo no carrinho, do que leite ou iogurtes. Teve de devolver às prateleiras, muito do excesso.
- Viste o preço, Miguel? É necessário? Precisas de tudo isso?
E lá chegava à conclusão após os seus rápidos cálculos mentais, de que afinal, até não fazia assim tanta falta. Quando viu a conta disse-me:
-Tanto dinheiro!
- Imagina se tivesses trazido tudo o que querias...
- Pois é, mãe...




Mudam-se os tempos mudam-se as necessidades! Tentar fazer deles, pessoas autónomas e responsáveis é querer-lhes bem! Eu continuo a tentar.







Comentários

  1. Ainda há muito para fazer, é verdade. Mas o que é certo é que no que toca às tarefas domésticas, as raparigas (algumas) ainda fazem menos do que os rapazes. É a minha opinião.

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  2. Compete a todos a alteração de consciências, sejamos nós pais de rapazes ou de raparigas. A sociedade mudou muito nos últimos anos mas há ainda muito a fazer. O objetivo não é a perfeição, mas sim, uma melhor qualidade de vida para todos.
    Obrigada pelo comentário, que pode sempre expressar.

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