O inferno

Em quatro meses, perto de 100 mortos. Não, não estamos em guerra e não sofremos nenhum atentado (pelo menos, dos maus do costume).  Ainda assim, é trágico, dramático, cruel, desumano, inacreditável, horrendo, assustador. É o fogo contra o Homem numa luta desigual, apoiado por um desmantelamento impensável de meios de combate aos incêndios, ainda que contrário aos avisos prévios de especialistas.

Fazem-se testemunhos abismais em direto. O país pára e a perplexidade perante os factos arrasa-nos. Corrói-nos por dentro a aflição e a dor de quem está na iminência de perder tudo. A vida, inclusive. Os seus. Dilaceram-nos as imagens do nada, do queimado, da destruição.

Não há meios, dizem.
Lamentamos, reiteram.
Podiam ser 50 mil bombeiros e o desfecho seria o mesmo, argumentam.
Temos de ser mais proativos, afirmam.
E entre uma e outra declaração pública registam-se baixas, mais uma e outra, sem cessar.
Palavras... por uma se ganha, por outras se perde. E ultimamente muito se tem perdido - vidas, porque as palavras, essas, leva-as o vento e o fogo.

É hora de pôr o dedo na ferida que dói e se sente! Faltam coordenação e meios; falta prevenção; falta humildade em reconhecer falhas e erros; falta um pedido de desculpas; falta ajuda a quem precisa. As chamas não nos largam, e só já estamos a pouco mais de 6 meses da próxima época...

Fala-se e não se age. Lamenta-se mas não se evita. Chora-se porém, esquece-se. Cada um por si e salve-se quem puder. Se isto não é o inferno, anda lá muito perto.

Que país é este?


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