Amas que amam

No domingo recebemos a visita de uns amigos muito especiais. Tão especiais, que é como se fossem da família; aqueles que embora longe, nunca se esquecem de nós e com os quais sabemos que podemos contar, sempre.

A Ina, carinhosamente assim tratada por nós, foi ama do V. desde os 4 meses. Antes disso, já lhe fazia umas "visitas" para que se habituasse. E claro que se habituou. Quem não se habitua ao mimo e ao carinho? O V. foi aceite por aquela família (que também é  nossa) como se fizesse parte integrante dela. Ganhou mais uma avó, um avô e duas tias. Era tratado por todos como um menino de ouro. Nada lhe faltava; enchiam-no de afeto, de tranquilidade e muitas brincadeiras. A Ina tinha sempre tempo para ele, sempre. Os seus olhos brilhavam mal o viam e o sentimento era recíproco. E a mãe do V ficava tão descansada, como se ele ficasse consigo própria.

Também os mais novos foram bafejados pela sorte. Não a mesma, mas muito semelhante. Passou a chamar-se Dadá, diminutivo atribuído pelo T. 
A partir dos 4 meses deixei-o a seu cargo. A história repetiu-se com o M, a partir dos 5 meses. O colo, a atenção, o sorriso, o carinho com que os acolheu todos os dias, durante anos... eram dados gratuitamente, tal como uma avó faz aos seus netos. E os meus filhos ganharam outra avó.

Estes são laços verdadeiros, daqueles que perduram para a vida. O meu agradecimento é infindável e eles sabem que foi a Ina e a Dadá quem lhes mostrou que há outros amores. 

Para além de outras qualidades, agradeço a ambas a calma com que os "criaram", embora com regras. Ambas sabiam que era importante comer sopa, mas não à força; ambas sabiam que deviam dormir a sesta, nem que para isso se tivessem de deitar e fingir que estavam a dormir. Até as birras, as indesejáveis birras, eram respeitadas, davam-lhes tempo, palavras meigas e sossego. E para isto é preciso serenidade, é preciso paciência, é preciso gostar verdadeiramente do que se faz e de quem se tem em mãos.

Esta "criação" não se paga, pelo contrário, foi-nos oferecida. Por mais que se mostre reconhecimento e agradecimento, não chegam para tanto. E a prova disto é a alegria, de igual para igual, a cada reencontro.

Afinal de contas, quem meus filhos beija, minha boca adoça.






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