A justiça não foi cega






Escrevo hoje sobre um processo contra menores que foi arquivado pelo tribunal. Quanto às famílias, o arquivamento das noites sem dormir, do sobressalto, do dissabor, do alarido, não será possível. Jamais.

Ninguém que se preze e/ou inocente, quer/gosta de assumir uma situação que lhe é injustamente imputada, num processo que nasceu torto e que acabou por não se endireitar, para desânimo de muitos que faziam questão que fosse. Para além disto, martirizaram, tentaram denegrir, havendo sempre quem acreditasse na máquina maquiavélica que tentou por todas as vias, que menores de idade vestissem à força, a camisola da delinquência. Uma cabala quase perfeita. Quase, até os depoimentos se começarem a contradizer, as verdades absolutas começarem a ser relativas, e as certezas passarem a probabilidades. Um fiasco.

Quem de honra e pelo bem consegue apontar o dedo a um grupo de jovens (menores de idade), levando-os às instâncias máximas da justiça, ludibriando factos e omitindo outros? Quem com consciência, dorme descansado, sabendo que contribuiu para um enredo surreal que deixou marcas e memórias daquelas que ninguém gostaria de ter? Quem com filhos e/ou netos consegue apontar o dedo e tentar prejudicar alguém que sabe que está inocente?
Quem?! Quem não tem valores morais, quem não tem qualquer altruísmo (e provavelmente nem sabe o que é), quem tem mau íntimo, quem abusa do poder que tem em mãos, quem não consegue lidar com a frustração e descarrega nos outros o fel, a ira e a maldade. Afinal de contas, quem não tem um pingo de vergonha!

A tropelia cometida pelos jovens - o arremesso de pedras soltas a um ferro - foi assumida por todos com franqueza e humildade, desde logo, perante a autoridade. Nada mais, porque nada mais fizeram senão isto. Uma brincadeira de mau-gosto, sim, daquelas que a grande maioria fez enquanto criança/jovem. Não fugiram, mas poderiam tê-lo feito. Antes serviram de troféus aos censores, para que numa atitude pseudopedagógica, lhes pudessem aplicar um qualquer "ensinamento". Mas não, ninguém aprende com a injustiça, ninguém aprende com falsas acusações, ninguém aprende com testemunhos falaciosos a seu respeito. Aprenderam sim, que há adultos que lhes defraudam as expectativas de futuro, os quais cultivam e proliferam a malvadez e a vingança.

Mas como estes jovens são pessoas do bem, não guardam rancores e pretendem tão somente viver a sua vida tranquilamente, sem perseguições nem estigmas associados, pois quem os conhece sabe que são da paz, contrariamente a muitos adultos.
Felizmente, a justiça não foi cega e celeremente agiu em conformidade. Depois de depoimentos francos e coerentes, facilmente se chegou à conclusão da inocência destes miúdos. Porque ninguém destrói o que há muito está destruído; o que há muito caiu no esquecimento de quem se deveria ocupar com o zelo de espaços públicos e não, com acusações infundadas e desprovidas de sensatez.

Para uns será uma boa notícia, para outros nem tanto. Perspectivas...

Não façamos deste mundo, um lugar ainda pior.
Compete a cada um de nós contribuir para a missão - julgar menos e fazer mais.
Assim, certamente, viveremos melhor.

Comentários

  1. Escreves maravilhosamente bem, bebo as palavras em cada texto teu que leio... quando for crescida, porque "grande" ja sou, quero ser como tu, beijinho grande.

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