100% adolescente

Dois já estão de férias. O Tomás já conta com uma semana e o Miguel entrou oficialmente hoje.  Embora o ano letivo tenha terminado a 6 de junho, o Vasco continua com as aulas das disciplinas de exame, que leva em jeito de frete. Fez exame de Português na sexta-feira e na véspera, talvez por insegurança, ou receio de não se sentir preparado, decidiu pedir-me ajuda. Resultado - estivemos até quase à meia-noite, a resolver provas do IAVE e a explicar-lhe conteúdos que já deveriam estar assimilados há muito tempo. Mas não. Rejeita terminantemente a ajuda e confia nas suas capacidades. Que as tem, sim, mas não superam a sua falta de vontade.
Para além disto, considera-se de férias.

De todos, o que teve sempre mais apoio da minha parte, simplesmente por se tratar do primeiro. Aquele em que queremos injetar tudo, o melhor - as regras, os bons hábitos, o bom comportamento; aquele  em que apostamos as fichas todas e que esperamos expectantes que alcance um plano superior. Ao segundo, ao terceiro, o ideal de perfeição vai-se dissipando.
Juntou-se o diagnóstico da dislexia, o que me exigiu um acompanhamento ainda mais próximo. E que resultou. Mas também teve o reverso da medalha - aborreci-o. Eu e os tpc, que eram todos os dias muitos. Ficou-lhe de herança o enfado, que não consegue disfarçar e que me acaba por contagiar. Às vezes deixo-o da mão, solto-lhe a rédea mas os resultados começam a baixar. Depois, vem o segredinho ao ouvido que também é estratégia que resulta. Mas nem tudo são rosas, não há perfeições. Eu também não sou.

Passaram anos, três ciclos, uma infância. É já um adolescente em pleno processo de desenvolvimento, com muitas transformações à mistura, muita curiosidade e uma sede de vida incrível, como todos os desta espécie. A escola passa normalmente para segundo plano; em primeiro ex aequo, ficam os jogos, a net, o futsal, a piscina, as festas, as roupas e as miúdas.
Há tempo para tudo, até para estudar, digo-lhe muitas vezes. E apelo à calma, embora os voos sejam ainda de pequeno curso. Take it easy, rapaz!
Quando lia os calhamaços de psicologia sobre a complexidade desta fase, achava até que quem os escrevia não batia bem da mona. Mas não. É isto. Sempre o mesmo, de geração, em geração. E compreendo perfeitamente pois também já o fui e lido com eles diariamente, sempre a fazerem-me lembrar de que a idade do armário são os anos loucos (enganam-se, que o melhor ainda está para vir). Mas depois, inevitavelmente, visto a pele de mãe e elevam-se os receios. Quando a minha mãe me dizia pensas que sabes tudo? Eu tinha a certeza que sim! Absoluta! Para anos mais tarde me cair a crista e ver que afinal não. Não sabia nada. Como as coisas mudam...
Esperam-se tempos de mudança, para ele e para mim, que lido com o meu primeiro filho adolescente. Sim, porque com os dos outros, posso eu bem.
Ainda que não faça disto uma bandeira, o maior receio é que se magoe, que não saiba dizer não quando tem de dizer, que não escolha o melhor para si, que não se sinta feliz. Porque se assim for, está aqui quem ficará ainda pior. Certo é também, que raros são os becos sem saída e quando os há, normalmente estão assinalados!
Algo me diz que irá correr bem... Aguardemos.

A propósito, avizinha-se a passos largos, a viagem de finalistas. No estrangeiro.


Adorava sentar-se ao volante :)

Nesta foto tinha 5. Passaram 10. Agora já quer voar sozinho.

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