Pimenta na língua!

Os mais velhos chegaram a casa cedo e como hoje não há atividades extra, colaram-se aos pequenos ecrãs. Ao ouvir largar as primeiras bojardas daqueles que são alguns dos ídolos dos meus filhos, fiz-lhes ver que estava ali presente (ficam de tal forma encegueirados, que nem vêem ninguém). Obviamente, que sei que continuam a ver noutro lugar, mas o respeitinho é muito bonito!

Grande parte destes miúdos que fazem da sua vida um autêntico reality show, dizem em cada frase que pronunciam (alguns com manifesta dificuldade) palavrões de bradar aos céus! Também há os que têm uma postura mais assertiva, vá. Contudo a maioria, para além dos disparates, GRITA como se não houvesse amanhã, talvez numa tentativa de levar bem longe a sua voz, a sua "missão" atraindo assim,  milhares de seguidores. Não entendo. Honestamente, não entendo este fenómeno. Mas chego à conclusão de que a parvoíce é que está a dar! Para além disto, algumas grandes marcas "aproveitam-se" e enchem-lhes o ego, ao mesmo tempo que vendem os seus produtos. E do nada se tornam heróis (sabe Deus do quê). E os putos, inocentes na grande maioria, vão atrás.

Há tempos, o meu filho mais novo perguntou-me:
- Mãe, posso pintar o cabelo de azul?
- Então? Qual dos desenhos animados tem o cabelo dessa cor?
(grande "toni" que eu sou!)
- Oh mãe, não é um desenho animado, é um youtuber!
OMG! pensei, tentando destitui-lo daquela ideia...
E ainda rematou a conversa com o argumento:
- Ele é amigo das crianças porque ele diz para não se fazer em casa, as coisas que faz...
Fiquei então muito mais descansada, não haja dúvida! (santa inocência)

E por aqui se vê a brutal influência que esta gente tem sobre os miúdos...
Que façam dos seus canais a sua forma de vida, auferindo de rendimentos, ou somente likes e followers, tudo bem, mas  que usem o "poder" de ludibriar massas (que o têm sim senhor) , num sentido positivo e preferencialmente, sem a tal linguagem hard-core. Ainda assim, acredito que muitos dos seus seguidores consigam fazer a destrinça entre a "brincadeira" e a realidade, mas outros não. É claro que antes de existirem youtubers já se diziam palavrões, mas também não vale a pena insistir tanto! E claro que os meus filhos os sabem de cor porque não são nenhuns santos.

Depois vem a outra parte - ouvir algumas pessoas dizer, de dedo apontado "Ah e tal, os pais é que têm a culpa; se não tivessem tablets e telemóveis não viam..." e blá, blá, blá... Então, das duas, uma: ou não têm filhos ou ainda estão na era da cabine telefónica e do postal ilustrado que enviávamos nas férias, (com filas intermináveis nos correios). O que não deixa de ter a sua piada, digam lá!

Só sei que sou mãe de três filhos que "seguem" youtubers e vloggers e que não carrego comigo a culpa por tal acontecer. Digo antes, ser incontornável. A  "proibição" não creio de todo, ser o caminho a seguir e o controlo parental não é tão linear quanto parece. Eles nasceram no meio de computadores e afins; o mundo virtual é o seu mundo e, a meu ver, a única solução é saber conviver com isto, com bom senso e diálogo e o chamado "estar a par". Às vezes um grito (ou dois) também funciona! Uma vez que estão tão familiarizados com eles!

Aos rapazes do youtube, fica o pedido desta mãe: Não digam palavrões, pá! E já agora de entre os "devaneios" tentem lá convencer o pessoal de que o mundo vai muito para além do vosso. Eles seguir-vos-ão à mesma e mais tarde até vos hão-de agradecer!

Esta mãe (e muitas outras) agradece(m).

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