As mães são muito parvas...

Pediu-me para ir para o parque.
Fitei-o durante algum tempo para ver como se comportava no meio de desconhecidos, uns mais pequenos, outros mais velhos.


Escalou uma parede e foi sentar-se no cimo de um túnel que ligava um escorrega a outro. Observava os miúdos que tinha à frente. Pensei para mim, não vai estar ali muito tempo. Ninguém lhe está a ligar e ele também não se mete com ninguém.
Entretanto, uns miúdos bem mais velhos começaram aos empurrões e aproximavam-se cada vez mais dele. A cada investida, lá ia desviando os pés e agarrava-se numa tentativa de não desabar dali para baixo. Nada fiz (mas apetecia-me).


Entretanto, a minha atenção foi desviada por quem me veio cumprimentar. Conversa para aqui e para ali, esqueci-me dele por instantes. Quando o voltei a ver, estava sentado noutro baloiço, tranquilamente, embora tivesse ficado assustada por vê-lo rodeado pelos mesmos, que agora estavam a jogar à bola. Estava com uns óculos na mão e perguntei-lhe de quem eram. Respondeu-me apenas com um gesto (são daquele ali). Pedi-lhe que os devolvesse, não fosse caso de os partir. Assim fez. Disse-lhe para vir comigo. E foi, sem qualquer protesto, mas a olhar para trás. Mais tarde disse-me: Eu estava bem ali, ninguém me estava a fazer mal…


Depois disto fiquei a pensar até que ponto pode chegar a nossa proteção; até que ponto eles a querem; até que ponto temos o direito de o fazer. Foi ele quem pediu para ir brincar para o parque, foi ele quem quis ficar, apesar de não conhecer ninguém, mas o meu receio falou mais alto e “salvei-o” daquilo que pensava eu, ser uma ameaça ao meu menino. E não era nada disso.


Mas, em momentos assim, queria estar sempre lá, pronta a defendê-los e a enfrentar o mundo, se o mundo estiver contra eles. Depois, assento os pés no chão e a racionalidade apodera-se de mim (como quase sempre) e assumo com a naturalidade possível, que a vida, essa sim, os vai ensinar. Não eu, por muito que me custe.


O instinto de proteção é-nos inato. Tornamo-nos leoas a defender a cria, quando a sentimos ameaçada. Ficamos de coração partido se as magoam ou lhes querem mal. As mães são mesmo assim, umas parvas. Mas não é por mal; é por bem, por muito bem-querer.

 



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